21 fevereiro, 2010

Situação nas Caldas da Rainha

    “ Também nas Caldas da Rainha a « hidra revolucionária» se ergue, no 1ºtrimestre de 1848, uma das múltiplas cabeças. Podemos acompanhar a situação através dos ofícios do Secretário-geral do governo Civil de Leiria. Sabemos que Caldas foi uma localidade onde durante a guerra civil de 1846-1847, se constituiu uma Junta Revolucionária. (...)

    Para o Governador Civil interior de Leiria, Caldas Rainha constituiu motivo de constantes «dores de cabeça». Desconfia da lealdade dos Regeneradores e cabos da Polícia – autoridades civis e militares das freguesias. Mostra-se convicto de que existirão no Conselho mais de mil armas e uma capacidade de mobilização expedita de 400 homens para a guerrilha. Vê-se impedido de actuar judicialmente contra os revoltosos, perante a informação de que não conseguiria dispor de testemunhas susceptíveis de quererem correr o risco de incriminar concidadãos. Assim para «conter o respeito» o conselho, acabará por dirigir pessoalmente a ocupação militar da vila a 17 de Março de 1848, após insistentes pedidos do Administrador do Conselho, que os vinha formulando desde o dia 8 do mês.

   De facto no dia anterior, 7 de Março de 1848- os festejos de Carnaval tinham proporcionado aos «anarquistas» locais (leia-se aos adversários da ordem dominante) um desfile com um carro alegórico em que a Rainha era caricaturalmente destronada. A presença da tropa é mal recebida. Receando-se que os próprios soldados sejam aliciados por aqueles que deveriam vigiar e reprimir. Panfletos incendiários circulam impunemente em todo o Conselho e no distrito, e para cumulo o Secretário do Governo Civil, assiste à promoção a delegado do Procurador Régio na Comarca de um dos membros da Junta de Revolucionária das Caldas no ano anterior."


                                        Gazeta das Caldas , 16 de Agosto de 1985

Sem comentários:

Enviar um comentário